quarta-feira, 27 de abril de 2011

){[ ]}( - Discurso de Jožin z Božin Sobre a Bolsa da Síria no dia 27 de Abril de 2011 [2011]


Esse é um dos álbuns mais interessantes que chegaram em meus ouvidos nos últimos tempos. Eu teria muita dificuldade em conseguir qualquer informação sobre a banda – que atende pelo impronunciável nome ){[ ]}( – se não tivesse sido o próprio guitarrista – que não deixou um nome – que me tivesse entregado o material (vale salientar que ele me deu o álbum num disquete, em pleno 2011). Mas, como tudo nesse disco, mesmo a contextualização foi meio confusa. Aparentemente a banda é formada por dexisistas que começaram a explorar aparelhos sonoros experimentando com rádios amadoras e estações de ondas curtas, e usando circuitos sonoros eletrônicos construídos em casa, transmitiam jams eletrônicas a milhares de quilômetros de distância. E recentemente decidiram gravar essas três músicas.

A primeira faixa é uma longa improvisação free-jazzística puxada para algum tipo confuso de bebop, e embora tenha "discurso" no nome, é a única faixa em que não aparece nenhum vestígio de voz humana. A segunda faixa começa com um sample de Peter Finch atuando como Howard Beale no filme de 1976 Network (Rede de Intrigas no Brasil), numa cena em que o personagem entra num transe de indignação com a sociedade da época. O discurso dura a faixa inteira, enquanto a banda entra num noise rock barulhento e arrastado. A última faixa é construída sobre outro sample, dessa vez de uma citação do serial killer Carl Panzram, um dos mais cruéis dos EUA: I have no desire whatsoever to reform myself. My only desire is to reform people who try to reform me. And I believe that the only way to reform people is to kill ‘em. My motto is: Rob em, fuck em and then kill em. Vos deixo a sós com o álbum.

Junto com as músicas, há um release em .txt, que foi a única outra fonte de informação sobre a banda que consegui.

Tracklist:

Lado A - Discurso de Jožin z Božin Sobre a Queda da Bolsa da Síria no dia 27 de Abril de 2011
Lado B - Fist Fuck Economical Harmonica's Trip
Lado C - Crystal Silk

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terça-feira, 26 de abril de 2011

Seun Kuti And The Egypt 80 - From Africa With Fury: Rise [2011]


Pra falar de Seun Kuti, tenho que falar primeiro de Fela Kuti... que na verdade dispensa muita apresentação. Um resumo rápido pra quem não conhece, Fela Kuti foi o responsável por levar a música nigeriana a um nível internacional entre os anos 60 e (principalmente) os anos 80. É considerado o pai do afrobeat, o gênero de música da África que mais se destacou fora do continente. Seun Kuti (nascido Oluseun Anikulapo Kuti em 1982) é o filho caçula de Fela Kuti, e tem tocado com a banda do pai desde que tinha dez anos. Quando ele tinha 14 anos, em 1997, Fela morre de AIDS, e Seun herda a banda Egypt 80. É apenas em 2008 que ele lança seu primeiro disco, Many Things junto com a banda, e mostra ao mundo que conseguiu segurar bem a música que estava em seu sangue. A única crítica a se fazer ao garoto é que ele é uma cópia quase idêntica do pai – a mesma energia, a mesma voz, a mesma consciência política.

Esse disco novo, lançado agora no começo de abril, foi produzido por ninguém menos que Brian Eno, famoso por sua produção de música ambiente, mas também um dos maiores entusiastas do afrobeat no ocidente – foi responsável por apresentar a música africana a David Byrne e aos Talking Heads nos anos 80. O som geral do álbum é sempre muito parecido com o de Fela Kuti, mas definidamente mais moderno. Uma das faixas de destaque é Rise, consideravelmente mais lenta que as outras, com uma reflexão política muito mais profunda, e com um solo fantástico de sax alto de Seun, que naqueles poucos segundos mostra que realmente é muito mais do que uma cópia carbono do pai. E para os que aderem à causa, vão ter uma alegre surpresa com a última faixa, Good Leaf, um canção política contra o abuso de drogas pesadas e a favor da droga recreativa preferida do mundo inteiro – uma causa também levantada por seu pai.

Pra terminar, Seun Kuti tocando em Dakar em 2005 com ninguém menos do que Tony Allen na bateria e Manu Dibango no sax:



Tracklist:

01 - African Soldiers
02 - You Can Run
03 - Mr. Big Thief
04 - Rise
05 - Slave Masters
06 - For Dem Eye
07 - Good Leaf

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sonic Arts Union - Electric Sound [1972]


A Sonic Arts Union surgiu em 1966, fundado por quatro compositores americanos: Robert Ashley, David Behrman, Alvin Lucier e Gordon Mumma. O precursor desse grupo foi o grupo ONCE da Universidade de Michigan, que atuou desde o final dos anos 50 até a primeira metade dos anos 60, e foi responsável pela realização do ONCE Festival entre 1961 e 1966. O festival era dedicado às formas mais modernas de experimentação sonora eletrônica e multimídia, e foi terreno fértil para os compositores de lá extravasarem sua curiosidade. Entre os organizadores do festival, estavam Robert Ashley e Gordon Mumma. Na época, John Cage e David Tudor estavam em turnê experimentando suas composições eletrônicas ao vivo, com circuitos eletrônicos feitos à mão e manipulados em tempo real. Isso inspirou Ashley e Mumma a criarem seu próprio grupo, e daí surgiu a Sonic Arts Union, que permaneceu em atividade por dez anos, até 1976.

Este LP contém quatro composições muito diferentes entre si, cada uma por um dos compositores do grupo. A primeira, Vespers, de Alvin Lucier, foi feita para ser tocada no escuro. É uma homenagem aos animais como os golfinhos e os morcegos que se locomovem através de um sistema de sonar, e se localizam tridimensionalmente de acordo com os ecos produzidos pelos cliques. Cada um dos executantes carrega um aparelho de sonar, e a peça se constitui nos músicos passeando pela sala na escuridão, descobrindo as possibilidades tridimensionais de som, textura e eco do ambiente.

A segunda música, Purposeful Lady Slow Afternoon, de Robert Ashley, é a abertura de uma peça de teatro para vozes amplificadas e fita magnética escrita pelo próprio Ashley. A peça é uma lenta narrativa em primeira pessoa de uma mulher relatando um estupro que sofreu, e um barulho eletrônico e cantoras sopranos no fundo deixam a atmosfera ainda mais pesada.

A próxima faixa, Runthrough, de David Berhman, não tem partitura. Três ou quatro pessoas improvisam em um circuito eletrônico caseiro feito pelo próprio compositor, operado por botões e interruptores. Por isso, qualquer pessoa com qualquer tipo de treinamento musical (inclusive nenhum treinamento) pode executar a peça.

O disco fecha com Hornpipe, de Gordon Mumma, uma peça para trompa expandida. O intérprete usa uma pequena caixa de metal com circuitos cibersônicos que interagem e modificam o som da trompa de diversas maneiras. A um certo ponto, a peça se torna um dueto entre o trompista e o aparelho eletrônico, que não pode ser diretamente controlado.

De quebra, junto com o disco, vocês baixam um arquivo .txt com informações detalhadas sobre cada peça e uma pequena biografia dos compositores, e um .pdf de 20 páginas com um pequeno curso introdutório (em português) de computação aplicada à musica.

E como se não bastasse, esse vídeo mostrando uma das peças de Alvin Lucier, de 1965, que ilustra muito bem o entusiasmo da época com as mais novas tecnologias eletrônicas. Na "Music for Solo Performer", num clipe de onze minutos de uma atmosfera quase surreal, Alvin se pluga em circuitos que amplificam suas ondas cerebrais... Pra você ver.



Tracklist:

01 - Vespers
02 - Purposeful Lady Slow Afternoon
03 - Runthrough
04 - Hornpipe

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Spooky Tooth e Pierre Henry - Ceremony [1969]


Esse também vai ser outro post múltiplo, dessa vez por motivos didáticos mesmo. O post principal do dia é esse da capa do desenho estranho aí em cima: uma colaboração inverossímil entre dois artistas aparentemente incompatíveis. Gary Wright era o tecladista e vocalista da banda pop do final dos anos 60 Spooky Tooth, que fazia um rock pesadinho pra época mas bem acessível. Pierre Henry foi um compositor de vanguarda francês, que junto a Pierre Schaeffer abriu o território pra o que viria a ser a música eletrônica. Com a invenção da fita magnética e das técnicas de processamento de áudio, os dois compuseram a primeira peça de concerto eletrônica, a Symphonie Pour Un Homme Seul, de 1950. Chamaram a música que faziam de "música concreta", pois se utilizava de gravações de sons "concretos", "reais", e não os sons musicais produzidos por instrumentos. O subpost é justamente a Symphonie, pra vocês terem uma idéia de qual era a de Pierre Henry:


Tracklist da Symphonie pour un homme seul:

01 - Prosopopée I
02 - Partita
03 - Valse
04 - Erotic
05 - Scherzo
06 - Collectif
07 - Prosopopée II
08 - Eroica
09 - Apostrophe
10 - Intermezzo
11 - Cadence
12 - Strette

Décadas depois desses primeiros experimentos, Pierre Henry decide que quer tentar trabalhar junto a uma banda pop, e escolheu justamente a Spooky Tooth. Era 1969 e eles tinham acabado de lançar seu álbum de maior sucesso, o Spooky Two, com hits de blues rock e até uma música que foi anos mais tarde regravada por Judas Priest. Pierre Henry e Gary Wright conversaram, e decidiram fazer esse álbum juntos. O disco seria conceitual – um serviço da missa em versão hard rock/música concreta. No final, o que aconteceu na verdade foi que a banda gravou o disco inteiro, mandou as gravações pra Henry que adicionou suas experimentações eletrônicas por cima: estava pronto o Ceremony. Estalos, barulhos que podem fazer você pensar que o arquivo está com problema, samples de vozes e sons sintetizados eletronicamente foram entulhados em cima das bases, resultando num disco completamente híbrido, com duas camadas contrastantes superpostas.

Resultado: o disco, embora fosse fruto das idéias de Henry, saiu com o nome de Spooky Tooth, todos foram às lojas animados com o novo lançamento da banda, e sairam decepcionados, ou pelo menos confusos. O disco vendeu mal, Gary Wright se demitiu e foi tocar com George Harrison, Spooky Tooth se dissolveu e só voltou dois anos mais tarde, com uma formação diferente. Até hoje o disco é pouco conhecido, e mesmo pra ouvidos contemporâneos, soa muito estranho. Mas vale à pena pelo valor de experimentação, e pelo fato de que dificilmente você vai escutar algo parecido.

Tracklist do Ceremony:

01 - Have Mercy
02 - Jubilation
03 - Confession
04 - Prayer
05 - Offering
06 - Hosanna

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domingo, 17 de abril de 2011

João Cassiano - Nômade Riddim [2009 - 2010]


Hoje vai um post triplo e com bônus:

João Cassiano é um percussionista daqueles que não fica parado mesmo quando não está tocando. Talvez seja mais conhecido pelo seu trabalho com a ChicoCorrea & Electronic Band desde o começo dos anos 2000, mas isso é apenas uma parte de seu trabalho. Atualmente, além de acompanhar ChicoCorrea, também se juntou ao DJ Guirraiz e Fabrício no projeto de música eletrônica e discotecagem regional Real Futuro Antigo, e à dançarina e coreógrafa Kilma Farias na Cia. Lunay de pesquisa de danças exóticas e afrobrasileiras, desenvolvendo trilhas sonoras eletrônicas. Também desenvolve um podcast de material relacionado a electrojazz e músicas experimentais do tipo, o Estética do Terceiro Mundo.

E é nessa vibe de trilhas sonoras eletrônicas que está o seu projeto Nômade Riddim. Até agora foram lançados três volumes de faixas eletrônicas experimentais que compõem a setlist de suas apresentações - dubs, riddims, drum n basses, downtempos com samples de música nordestina, árabe e tudo o que há de exótico, criando uma atmosfera cyberpunk de um terceiro mundo futurista e antigo ao mesmo tempo. Seguem os três volumes:

Nômade Riddim Vol. 01:


Tracklist:

01 - Estética do Terceiro Mundo Riddim
02 - Atlantis Riddim
03 - Chuva de Estrelas Dub
04 - Lapada Riddim
05 - Maquinaria Riddim
06 - Alamut Dub
07 - Partidolowtech
08 - Bambuzal

Nômade Riddim Vol. 02:

Tracklist:

01 - New Mangabeira
02 - Ragga Sueño
03 - Scoop
04 - Tisma
05 - Derviche Dub
06 - Povo Azul
07 - Gameboy Riddim
08 - Mercado Central Riddim

Nômade Riddim Vol. 03:
Tracklist:

01 - Nanosanfona
02 - Ragga 2020
03 - Tapuia Riddim
04 - Sudaka Riddim
05 - Vácuo Dub
06 - Darabuka Dub
07 - Dancehall Árabe
08 - Tinaja Dub

E agora o bônus: na quarta-feira santa, dia 20 de abril, no Espaço Mundo, será possível assistir a isso tudo ao vivo. Será a sétima edição do Ciclo das Quartas, projeto idealizado em 2010 por ChicoCorrea e sua trupe de músicos experimentadores (entre os quais o próprio João Cassiano). Alguns nomes que já passaram pelos palcos do ciclo são o compositor Didier Guigue, o eletroembolador Totonho, o psicotrio Ubella Preta, o baterista americano Gregg Mervine e a pianista do Alaska Halley Kallenberg. Essa semana, a ChicoCorrea & Electronic Band se apresenta com Arthur Pessoa, vocalista da Cabruêra, e com Baixinho do Pandeiro, o eterno ícone do centro histórico pessoense – logo em seguida Cassiano se apresenta com seu Nômade Riddim. São só seis reais, e bem gastos.

Vai um teaser de Cassiano apresentando o Nômade Riddim no terceiro Ciclo das Quartas, no dia 26 de janeiro desse ano:


Ah, e clique na capa dos álbuns pra baixar

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fernando Rusconi Trio - Conclusiones [2002]


Fernando Rusconi é um tecladista argentino, que desde o começo dos anos 2000 vem liderando um trio de jazz – teclado, guitarra e bateria. Hoje em dia Fernando é considerado o principal expoente do órgão Hammond da Argentina, tendo inclusive tocado em turnê com um dos melhores e mais aclamados trios de jazz desse nosso mundinho, Medeski, Martin & Wood. Ele se auto-define "um músico de jazz com a essência rockeira, ou viceversa e eu gosto disso."

Mas nesse disco, de 2002, o primeiro de sua carreira, a influência jazzística se sobressai muito mais. Equipamentos eletrônicos, que mais tarde ele descartaria por instrumentos mais vintage e por um som mais sessentista, se fazem bastante presentes, embora também se encontrem clássicos do jazz dos anos 40, como My Foolish Heart, que já foi executada por nomes como Bill Evans, Chet Baker e até Astrud Gilberto. Um disco pra agradar dos jazzistas tradicionais até os que gostam de uma coisa mais estranha.

Aqui vai o trio tocando na Muestra Musica de La Plata, em 2009:



Tracklist:

01 - Equinox
02 - Conclusiones
03 - The Sidewinder
04 - My Foolish Heart
05 - Jimmy's Blues
06 - Like Sonny
07 - Question and Answer
08 - Condiciones
09 - Messin' Around

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domingo, 10 de abril de 2011

Mamma Jazz - Nôkana Disquicy [2010]



Quando eu entrei na UFPB no ano passado, andando pela Praça da Alegria com o violão, conheci um pessoal do Congo, que se prontificou a se reunir ao meu redor e passar quase uma hora cantando as músicas de seu país num coro africano hipnotizante. Meu único pensamento ao sair de lá era "meu irmão, alguém tem que fazer uma banda com esse pessoal!". E foi quando descobri que essa idéia já tinha sido feita, lá pelo final dos anos 90. Mamma Jazz nasceu de uma conversa entre os músicos Pedro Osmar e o músico guineense Guilherme Semmedo, que resolveram reunir os artistas estrangeiros da UFPB pra que eles pudessem se expressar e se integrar de vez à comunidade paraibana. O resultado encanta qualquer pessoa que tenha pelo menos um gene africano.

O projeto conta com parcerias como Gláucia Lima, Jorge Negão e Adeildo Vieira, autor de algumas das músicas do disco. As letras passam do português ao crioulo às línguas africanas, o som é suave, cheio de metais, coros de vozes africanas, percussões, lembrando o de grandes músicos africanos como Koffi Olomidé ou Papa Wemba.

Aí vai um trecho do show de lançamento desse disco:



Tracklist:

01 - Nôkana Disquicy
02 - Hábraços
03 - Balôba & Balula
04 - Nada mudou
05 - Didi mem
06 - O Mito
07 - Lebiscimente - Bang Bang
08 - Chega Junto
09 - Fidjo Matcho
10 - Sufry
11 - N' Bombô
12 - N' Rico Pabia

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tocaia da Paraíba - Tocaia [2000]


"Ah, essa Tocaia da Paraíba é assim meio que um manguebit paraibano". Até pode ser, mas seria simplificar demais. Originários de Cajazeiras, se depararam com a tecnologia, com o rock, com o rap, com toda aquela vibe urbana meio opressiva – mas não se assustaram. Em vez disso foram com toda autoridade no McDonalds pedir um sanduíche com carne de bode. Brincam entre os ritmos regionais e urbanos com uma propriedade de quem conhece a fundo as duas linguagens – e eles são assim mesmo, poliglotas. Precursores de Cabruêra, das Parêa, estabeleceram as bases pra música paraibana que se seguiria na próxima decada.

Esse disco, gravado já no restinho do século XX, foi o primeiro registro de sua música. A música é tão expressiva que na verdade tenho pouco a falar por aqui: o disco fala por si só. Os arranjos de Erivan Araújo, as cordas tão perfeitamente executadas por Mário Filho e um resultado fino difícil de ser alcançado de novo por outras bandas. Escutem, pessoal, escutem.

Tracklist:

01 - Visão do Absurdo
02 - c@boco.com.br
03 - 3/4
04 - Brincadeira de Moleque
05 - Novo Rei
06 - Carro de Boi
07 - Pra Você
08 - Sarajevo dos Palmares
09 - Coco da Jumenta
10 - Jackspanderiá
11 - Cilota
12 - Carcará II

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