segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Jaguaribe Carne - Instrumental [1993]


Gravado em 1993, Instrumental é o segundo registro do Jaguaribe Carne, o lendário projeto de Pedro Osmar e Paulo Ró criado no bairro de Jaguaribe em 1974. É possível que o grupo tenha sido a primeira banda completamente independente do país. E também eram muito mais do que uma banda. Um coletivo de guerrilha cultural, que surgiu para "estudar, difundir, praticar, experimentar, fazer intercâmbios e trocar idéias com artistas da cidade de João Pessoa e de todo o estado da Paraíba".

É difícil, inútil e preguiçoso querer categorizar Jaguaribe Carne dentro de um estilo musical bem definido. Eles são o resultado de um conjunto gigantesco de influências do mundo inteiro, da música clássica ao caboclinho do sertão ao experimentalismo mais puro e mais livre.

O experimentalismo do Instrumental começa antes de você dar o play: cada um dos mil discos da tiragem teve uma capa diferente feita por artistas plásticos profissionais e amadores, através de oficinas em várias cidades nordestinas. O disco é feito quase cem por cento de músicas instrumentais, é quase um manifesto de como a criatividade combate e derrota o virtuosismo estéril. Mas a faixa que abre o disco não é instrumental. A letra é simples: o povo não precisa de esmola / precisa de escola pra se educar / precisa de cultura para avançar / o povo precisa de armas pra trabalhar / precisa de justiça pra se afirmar. Isso é Jaguaribe Carne.



Tracklist:

01 - Fome? Que Fome?
02 - Saltos
03 - Piratas de Jaguaribe
04 - Ritmo de Baião
05 - Nostalgia
06 - Liquidificador Industrial
07 - Ciranda
08 - Outro Tempo
09 - Sotaque de Pindaré
10 - Acho que vem alguma coisa por aí
11 - Entrevista (Pedro Osmar, Paulo Ró e amigos)

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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Naldinho Braga - Todos do Mesmo Lado [2009]


Vindo do meio do nada, do sertão lá de Cajazeiras, Naldinho Braga se fez notar pela primeira vez no mundo da música no início dos anos 90, com a Conspiração Apocalipse, banda de punk rock sujo, agressivo, com letras politicamente conscientes. Alguns anos depois, com os ânimos acalmados, deu início a um trabalho de pesquisa musical dos ritmos nordestinos e das formas internacionais como o rock, o pop ou jazz, junto a grupos como Tocaia da Paraíba, que ele ajudou a fundar e com quem tocava baixo.

O CD Todos do Mesmo Lado é um disco recheado de grandes músicas e grandes músicos. As composições de Naldinho, que não nega a origem sertaneja, passa da ciranda ao maracatu, ao coco, ao baião ao rock... E os músicos são todos grandes nomes da cena paraibana: Paulo Ró e Jorge Negrão, do Jaguaribe Carne, Vant Vaz da Tribo Éthnos, Fabiano Lira, DJ Guirraiz, Erivan Araújo, Sandoval Moreno, Chico Limeira e tantos outros. Infelizmente o trabalho é pouco conhecido e divulgado fora do círculo mais próximo de músicos, mas quem sabe isso mude. No momento, Naldinho está preparando algumas músicas que estarão na internet, já acompanhado por uma banda fixa, a Carro de Lata, formada por jovens músicos paraibanos.

Tracklist:

01 - Forte Velho
02 - Os Inácios
03 - Manacá
04 - Carta pra Você
05 - Todos do Mesmo Lado
06 - Maria Clara
07 - Barco a Vela
08 - Zé Rezador
09 - Meu Cheiro
10 - Ratolândia
11 - Dedé da Latinha
12 - Quem Dera
13 - Círculo de Tambores

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Coletânea Musiclube [1997]


Depois das Cantatas Populares 1 e 2, posto aqui mais uma coletânea de música paraibana, lançada três anos antes. O Musiclube da Paraíba, fundado em 1981 em João Pessoa, foi um dos movimentos mais importantes para a música do estado. Era um coletivo de músicos e poetas que se juntaram com o objetivo de criar, estimular a criação e divulgar a criação local, como forma de fortalecer a cena. As principais mentes por trás de sua criação são nomes como Pedro Osmar, Paulo Ró, Adeildo Vieira, Totonho, Chico César, Escurinho...

Foi só em 1997, quando o projeto já tinha 16 anos, que lançaram o primeiro disco. E entre as faixas, encontram-se pérolas preciosíssimas e raríssimas da música paraibana. A primeira faixa é Folha Corrida, de Totonho, gravada anos antes de sua estréia com o álbum de 2001 "Totonho & os Cabra", o primeiro registro da inconfundível voz fanha. Além disso, a primeira gravação do clássico de Escurinho, Savanas; o boi de matraca Boi do Brasil de Naldinho, experimentos de cirandas em MIDI de Paulo Ró em No mínimo ciranda; forrós, grupos vocais, a boa e velha MPBzinha light... De acordo com a apresentação escrita por Adeildo Vieira, "ao ouvir esse CD, muito provavelmente você não virá a gostar de todas as músicas, mas dificilmente você deixará de se identificar com alguma delas".

É um CD de grande valor histórico e musical, um retrato da cena musical daquela época, dos grandes compositores paraibanos que ainda estão ativos, dos que não estão mas ainda inspiram toda uma nova geração e dos instrumentistas brilhantes que infestam essa nossa terra.

Tracklist:

01 - Totonho & os Cabras - Folha Corrida
02 - Déo Nunes - Diapasão
03 - Escurinho - Savanas
04 - Pádua Belmont - A Chegada
05 - Naldinho - Boi do Brasil
06 - Cacá Ribeiro - Dança do Urubu
07 - Sandro Pitta - César e Inês
08 - Grupo Voz Ativa - Impressões em Três Momentos
09 - Paulo Ró - No Mínimo Ciranda
10 - Dida Vieira - Cavalo Alazão
11 - Clementino Lins - Cantiga de Louco
12 - Nando Azymuth - Vozes Roucas
13 - Jairo Aguiar - Amor que Dói
14 - Jessé Jel e Wilson Carneiro - Um Simples Cantador

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

The Lounge Lizards - The Lounge Lizards [1981]


The Lounge Lizards é uma banda única no seu estilo. Surgiu no final dos anos 70, comandada pelo saxofonista John Lurie (que também é ator e aparece junto a Tom Waits e Roberto Benigni no filme de Jim Jarmusch de 1986, Down by Law) e seu irmão Evan Lurie, que se juntaram a outros amigos músicos, entre os quais o guitarrista Arto Lindsay, conhecido por ter tocado na banda no wave DNA e pelo seu trabalho com música brasileira a partir dos anos 90.

O som de The Lounge Lizards (que conta com guitarra, baixo, bateria, saxofone e teclado) é um jazz seco, quase punk, influenciado pela cena no wave de Nova Iorque, pela música clássica contemporânea, pelo experimentalismo. No final da década de 80, as composições de John Lurie ficam mais complexas, incorporam mais elementos, chegam a ter influências até do tango. Mas esse primeiro disco, de 1981, retrata a fase mais crua. São músicas fortes, enfáticas, uma dureza raramente vista no jazz, talvez comparável apenas aos projetos de James Chance ou a Screamin' Jay Hawkins. Uma raridade obrigatória no seu HD.

Tracklist:

01 - Incident on South Street
02 - Harlem Nocturne
03 - Do the Wrong Thing
04 - Au Contraire Arto
05 - Well You Needn't
06 - Ballad
07 - Wangling
08 - Conquest of Rar
09 - Demented
10 - I Remember Coney Island
11 - Fatty Walks
12 - Epistrophy
13 - You Haunt Me

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica - Coletânea de Música Eletroacústica Brasileira [2009]


Se eu falar de música eletrônica aqui, provavelmente as primeiras coisas que vão surgir na sua cabeça são coisas do tipo Infected Mushroom ou, se você for old school, quem sabe Kraftwerk. Na real, a música eletrônica começou com o trabalho de um rapaz italiano chamado Luigi Russolo, que em 1913 escreveu um tratado sobre "a ciência do barulho". Esses trabalhos foram o pontapé inicial pra o que hoje chamamos de música eletroacústica.

Abreviando a história, depois de Russolo vários compositores começaram a incorporar elementos das novas tecnologias (disco fonográfico, fita magnética, gravador) para criar música. O primeiro a fazer isso no Brasil foi Reginaldo Carvalho, que em 1951, por sugestão de Villa-Lobos, foi a Paris ver "que coisa era essa tal de música concreta" (o nome que se dava na época à música eletroacústica). Desde então, tem havido no Brasil uma corrente relativamente forte de compositores nesse ramo, e em 1994 é fundada a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica.

Esta coletânea de 2009 reune obras de 32 compositores de todo o Brasil, entre os quais o francês radicado em João Pessoa desde 1982, Didier Guigue. É um box com cinco CDs, que cobre toda a história da música eletroacústica brasileira, desde os primórdios com Reginaldo de Carvalho e Jorge Antunes (um dos pioneiros da música eletrônica, hoje filiado ao PSOL) até os dias de hoje.

Seguem os cinco discos:


CD 1 - Praecursorius

Reginaldo Carvalho

01 - Estudo de Martelo com Piano Destemperado (1957)
02 - Piano Surpresa nº 1 (1964)
03 - In Memoriam: a morte do homem que quis ser livre (1967)
Caleidoscópio IV (1968)
04 - I. Semáforos
05 - II. Cleta
06 - III. Pontuações Luminosas
07 - Cemitério sem Flores (1969)

Jorge Antunes

08 - Pequena Peça para Mi bequadro e Harmônicos (1961)
09 - Valsa Sideral (1962)
10 - Fluxo Luminoso para Sons Brancos I (1964)
11 - João da Silva (1966)
12 - Canto Selvagem (1967)
13 - Xadrex Especial (1968)

Conrado Silva

14 - Vericuetos de Antigona (1965)
15 - Brinquedos (1971)

José Maria Neves

16 - UN-X-2 (1971)


CD 2 - Constructionis

Eduardo Reck Miranda

Sacra Conversazione, opus 2 (2002-v.2007)
01 - I. From the void...
02 - II. Cantus Firmus
03 - III. Euphony
04 - IV. Flux
05 - V. ...to the Ziggurat

06 - Guilherme Carvalho - Existence-Appartenance (2007)
07 - Djalma Farias - Idioleto (2006)
08 - Frederico Richter - Monumenta Fractalis-Thomas (1991)
09 - Rodolfo Coelho de Souza - Construção Eletrônica (1989)
10 - Bruno Ruviaro - Fonepoemas (2003)
11 - Luis Roberto Pinheiro - Lacuerasax 3 (2003)
12 - Jorge Lisbôa Antunes - Itinera (2004)
13 - Didier Guigue - Reason & Motion (2007)


CD 3 - Spatium

01 - Rodolfo Caesar - A Paisagem (1986)
02 - Rodrigo Cicchelli Velloso - Espaço de Outono (1992)
03 - Flo Menezes - Parcours de l'Entité (1994)

Conrado Silva

Espaços Habitados (1992)
04 - I. Abertura
05 - II. Espaços Lúdicos

06 - Jocy de Oliveira - Raga no Amazonas (1995)
07 - Francisco dos Santos Braga - Lírica Espacial (2004)
08 - Eloy Fernando Fritsch - Synthetic Horizon (2005)


CD 4 - Ludus

01 - Sérgio Freire - A Semente e a Casca (1999)
02 - Fernando Iazzetta - Corda e Cabaça (1999)
03 - Igor Lintz-Maués - Dáme ouvidos (2006)
04 - Tim Rescala - Ministudo II (1991)
05 - Livio Tragtemberg - Valsa-baião do ex-quente (2003)
06 - Edson Zampronha - Trama Nudo Flujo (2000)
07 - Luiz Eduardo Castelões - Estudo de Plágio nº 1: no limbo da polimúsicas (2003)
08 - Paulo Chagas - Projektion (2000)


CD 5 - Naturae

01 - Jorge Antunes - Anaphore Symphocéanique (2004)
02 - Jônatas Manzolli - Ventania (2007)
03 - José Augusto Mannis - Duorganum II, 4º movimento (1998)
04 - Denise Garcia - Sopro 2 (2007)
05 - Vanderlei Lucentini - Se na sexta-feira tivesse feito sol (2005)
06 - Anselmo Guerra - Organ Wren (2006)
07 - Wilson Sukorski - Chuva Vermelha (2005)

***

Clique na capa de cada disco pra baixar, bote esse e divirta-se

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Brassil - Interpreta Compositores da Paraíba [2008]


Este disco é uma junção de forças. De um lado, o trabalho do Brassil, quinteto de metais formado em 1980 por professores da UFPB, que já tocou em todas as regiões do Brasil e em vários lugares no exterior, tendo tocado desde ao lado de Sivuca e Dominguinhos até Per Brevig e Charles Schlueter. Do outro lado, o COMPOMUS, laboratório de composição da UFPB. Idealizado por Eli-Eri Moura e criado em fevereiro de 2003, o COMPOMUS é uma ferramenta fortíssima para o fomento e a divulgação da música erudita composta na Paraíba.

Neste disco, o quinteto Brassil interpreta peças compostas por paraibanos, entre os quais peças do próprio Eli-Eri, de Marcílio Onofre, João Orlando, José Alberto Kaplan e do francês radicado na Paraíba Didier Guigue. É um excelente registro da música que vem sendo feita na nossa terra, e que infelizmente ainda tem pouco espaço fora das paredes da universidade.

E este post ainda fica como homenagem a Radegundis Feitosa, componente do quinteto Brassil, o primeiro doutor em trombone do país, uma das mentes mais brilhantes e divertidas doa UFPB, e que tragicamente faleceu num acidente no meio do ano passado junto aos outros músicos Adenilton França, Roberto Sabino e Luiz Benedito.

Tracklist:

01 - Marcílio Onofre - Chamber Echo
02 - Didier Guigue - Lied
03 - Paulino Neto - Polycontinuum
04 - Arimatéia de Melo - Calidoscópio
05 - Jorge Ribbas - Adriatic Mood
06 - Eli-Eri Moura - Nouer II
07 - Wilson Guerreiro - Luares de Intermares
08 - Ticiano Rocha - Daedalus
09 - Luiz Carlos Otávio - Perpetuum
10 - Rogério Borges - Quinteto N.º 1
11 - J. Orlando Alves - Intensificações
12 - José Alberto Kaplan - Burlesca

Componentes do Brassil:

Ayrton Benck - trompete e flugelhorn
Gláucio Xavier - trompete e flugelhorn
Cisneiro Andrade - trompa
Radegundis Feitosa - trombone
Valmir Vieira - tuba

Músicos convidados:

José Henrique Martins - piano
Dennis Bulhões - percussão

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